Aliança de Obras

por Manoel Canuto


Os teólogos puritanos de Westminster afirmaram que há uma distância tão grande entre Deus e o homem, que além deste homem dever toda obediência ao seu criador, ele não pode receber de Deus nenhum bem ou desfrutar de Seu amor se não for por Sua graça e condescendência. Mas aprouve a Deus beneficiar o homem através de um relacionamento de amor, por Ele iniciado, e com consequências de vida e morte. Este é um relacionamento pactual. A isso a Confissão de Fé de Westminster e outras Confissões Reformadas chamam de Pacto ou Aliança. Então, Deus toma a iniciativa e estabelece um relacionamento de amor entre duas partes, fazendo promessas, sob condições, e apresentando consequências de caráter eterno. Temos diversos exemplos de pactos na Bíblia e que contam com a presença de todos estes elementos envolvidos, como os que Deus fez com Noé, Abraão, Davi e com Adão. Com Adão Deus fez um pacto no qual Adão é o representante de toda a humanidade e assim ele age como representante de todos os seus descendentes, todos os homens.

Deus faz com Adão "um pacto de vida na condição de obediência pessoal, perfeita e perpétua, da qual a árvore da vida era o testemunho; e proibiu de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de morte" (CM p. 20). Este pacto é chamado de "pacto ou aliança de obras" porque havia uma condição envolvida: obediência perfeita à lei de Deus. Foi chamado assim de "aliança de obras" também para fazer diferença com a "aliança da graça" que descansa em bases diferentes. No pacto de obras é prometido ao homem alcançar vida eterna, se Adão obedecer a Deus perfeitamente. De uma forma ou de outra, tremenda seria a repercussão deste ato de Adão e extensiva a toda a raça humana porque ele era o representante de todos os homens dele gerados. A repercussão disso e seu resultado seria de que ele, caso obedecesse, poderia comer da árvore da vida e assim receber a vida eterna, jamais poderia pecar e morrer. Isso seria imputado a todos os homens se o "primeiro" Adão obedecesse. O que podemos ver é que o homem teria um nível de vida muito superior ao que Adão teve ao ser criado, livre de cair, livre do pecado e da morte.

É necessária aqui uma consideração importante.  Em sua essência, esta aliança também é uma "aliança de graça" porque graciosamente Deus promete vida eterna em um relacionamento de amor com Ele como galardão. Na mensagem/artigo do Dr. Murray, o que nos chama a atenção é a manifestação do amor gracioso de Deus na "aliança de obras". Vemos o amor de Deus no fato de Ele mesmo iniciar a aliança; na simplicidade do seu mandamento; na clareza da sua ameaça; no tamanho da sua recompensa; na "espora" da sua motivação; na curta duração da sua prova. Nela vemos toda a graciosidade do nosso bom Deus especialmente na figura do segundo Adão, que ao contrário do primeiro Adão, obedece perfeitamente às exigências da "aliança de obras" em nosso lugar. Como diz o Dr. Murray, se você acha que não tem nada a ver com o primeiro Adão, não tem também nada a ver com o segundo Adão, porque "assim como o primeiro Adão trouxe o pecado ao mundo, o segundo Adão trouxe- nos justiça e vida eterna. Adão foi o nosso representante na aliança de obras; Jesus, o nosso representante na aliança da graça. Aqueles que rejeitam a doutrina da aliança de obras, não teem o direito de reivindicar as bênçãos da aliança da graça, porque os dois são paralelos, e juntos ou se mantém de pé ou caem, como prova Romanos 5".

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