Arrogância, Principal Tentação do Reformado

Por Rev. Naziaseno C. Torres
O que leva reformados ao caminho da arrogância e soberba? Essa pergunta pode soar  estanha e imprópria. Entretanto a altivez e o orgulho espiritual é um pecado no qual muitos  reformados caem.  A razão para o deslize – por incrível que pareça - é causado  pelo conhecimento doutrinário que se recebe.  O que fazer com ele? A resposta a essa pergunta é que faz toda a diferença.
Diz o velho jargão que “conhecimento é poder”.  É fato que aqueles que têm contado com a fé reformada -  e se afadigam no estudo da mesma  - estão à frente daqueles cristãos evangélicos que só conhecem superficialmente o Evangelho de Cristo.  Os reformados estão entre os leitores de livros doutrinários e históricos, freqüentam simpósios e encontros, além de utilizar ferramentas da mídia eletrônica para se atualizarem nos blogs e sites. Esse conhecimento os separa e os distingue das massas alienadas fabricadas pelo raso  evangelicalismo moderno. Como resultado alguns reformados se julgam superiores ao demais gerando, assim, soberba e arrogância.
Estranho esse proceder, pois quanto mais conhecimento obtemos de Deus mais conscientes deveríamos ficar da nossa miséria e falência.  Como resultado Isso deveria nos levar ao quebrantamento e a servidão de tal forma que consideraríamos os outros superiores a nós mesmos.
Ao contemplar a glória de Deus no Templo, após uma profunda crise , Isaías em êxtase gritou: “Ai de mim! Estou perdido!”. O peso da glória divina esmagou toda a prepotência e vaidade do profeta -  fê-lo conhecer sua insignificância e vileza.  Além disso, logo após essa confissão, brotou uma identificação com o próximo de tal maneira que o levou ao serviço: “eis-me aqui”. Essa visão reformou completamente o profeta. O conhecimento de Deus o lançou ao povo a fim de instruí-lo na verdade. Eis um homem consciente da sua miséria e depravação com uma mensagem de perdão e esperança nos lábios. A contemplação da majestade de Deus não levou Isaías ao orgulho espiritual e nem ao isolamento dos demais homens.
Mas, hoje,  em muitos casos, não é isso o que acontece. Por quê? É simples: muitos têm uma apreensão intelectual da Verdade, porém essa nunca desceu para o coração. Assim sendo, o conhecimento de Cristo e da sua doutrina quando não nos leva à humildade, inevitavelmente, nos conduz à soberba e, por que não dizer, ao  farisaísmo.  
Às vezes ouço a antiga oração ecoando por aí: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, arminianos, pentecostais e dispensacionalistas, nem ainda como um liberal; leio a Confissão de Fé duas vezes por dia e dou o máximo de tudo quanto ganho para comprar livros reformados, freqüentar congressos e simpósios”. Esses se consideram justos e desprezam os demais.  Algo não muito raro no nosso meio.
Concluo enfatizando que precisamos de um calvinismo experimental -   uma reforma que nos leva a uma experiência diária de real quebrantamento diante de Deus e humildade perante os demais homens.  O “eis-me aqui” de Isaías precisar ser acompanhado pelo “Ai de mim! Estou perdido!”.  São essas duas expressões que devem moldar o caráter do reformado, pois somente assim poderemos fazer diferença no nosso meio e na nossa geração. Então, quando o discurso e a prática estiveram presentes na nossa fé reformada seremos realmente  relevantes para o mundo. Porém, se tivermos apenas a fé reformada sem a experiência de vida reformada  estaremos falando de nós para nós mesmos – presos no gueto da nossa própria vaidade e futilidade.  Medite nessas cousas!
Rev. Naziaseno Cordeiro Torres
Pastor  da Capela do Alto Alegre, Bahia

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